Na agricultura moderna a aplicação de calcário para correção de acidez de solo é uma técnica muito difundida e recomendada.
Porém, ainda se faz necessário esclarecer algumas dúvidas a respeito do assunto. Neste artigo vamos abordar alguns pontos para auxiliar o agricultor a como fazer a utilização correta do calcário para obter resultados positivos no seu plantio.
Calcário é uma a rocha de origem sedimentar constituída predominantemente de carbonato de cálcio podendo, em razão da estrutura e/ou presença de outro composto, receber denominações variadas e, quando submetida a processo de metamorfismo, passa a denominar-se mármore, a utilização do Calcário é, sem dúvida, um dos bens minerais de maior gama de aplicações na indústria.
Por exemplo: a indústria do cimento, a indústria da cal, produção de brita, a indústria metalúrgica, a indústria química, indústria de tintas e a indústria que em nosso país é a segunda maior consumidora de calcário, que é a de produção de corretivos de acidez dos solos.
Os solos brasileiros, assim como os demais solos tropicais são, na sua maior parte, ácidos, característica que favorece o aparecimento de elementos tóxicos para as plantas, afetando negativamente a lavoura e dificultando o aproveitamento, pelas plantas, dos elementos nutritivos existentes.
O calcário é o principal produto utilizado para corrigir a acidez do solo. Em linhas gerais age reduzindo a quantidade dos elementos nocivos, aumentando o nível de Cálcio e Magnésio, tornando assim o solo mais aerado, permitindo maior circulação de água e melhor desenvolvimento das raízes e, em consequência, proporcionando o aumento da atividade dos microrganismos fazendo com que a adubação renda mais.
Os benefícios gerados pela aplicação na lavoura e nas pastagens começam pela maior produtividade, sinônimo de melhores rendimentos para os donos de terra, independente da extensão da área.
A aplicação amplia ainda a ação dos defensivos agrícolas, hoje um dos itens mais caros na cadeia do agronegócio.
Para a sociedade, maior produtividade também beneficia o consumidor, com produtos melhores e de custo mais baixo.
A aplicação do calcário ainda ajuda o meio ambiente, na medida em que planta de solo corrigido retira mais gás carbônico da atmosfera, segundo mostrou estudo apresentado durante a primeira edição do Seminário Nacional sobre o Calcário Agrícola.
O solos Brasileiros devido a fatores geológicos, o solo tende a um pH baixo, com grande concentração dos íons H+ e Al+3. Ainda que essa acidez seja natural, ela difere do ambiente ideal para as plantas cultivadas.
Nessas condições, nutrientes de suma importância, como nitrogênio, fósforo e potássio, têm sua disponibilidade reduzida, podendo prejudicar o crescimento vegetal.
Outros fatores (como a compactação do solo e a taxa de pluviosidade) interferem no desemprenho do terreno, mas o pH é o principal deles.
Há, ainda, a questão da concentração do alumínio e do manganês que, em excesso, são tóxicos para plantação. Ao contrário dos nutrientes citados anteriormente, a disponibilidade de ambos aumenta quando o pH diminui.
Sua presença inibe o crescimento do sistema radicular, tornando as plantas mais suscetíveis a tombamento e prejudicando a absorção de nutrientes e a produtividade da cultura.
Para aumentar o pH do solo, deve-se realizar a calagem, ou seja, a aplicação de calcário no terreno. Sua absorção não é imediata, portanto o ideal é fazer o procedimento no período pré-safra.
Em solos pobres em magnésio, como acontece no Cerrado, é interessante utilizar calcário dolomítico ou calcítico, que possuem maior concentração desse nutriente.
De maneira geral, os solos brasileiros, em especial os da região do Cerrado, são ácidos, pobres em nutrientes e com excesso de alumínio tóxico. Para transformar esses solos em um ambiente mais rico e próprio para atender a demanda produtiva da região, uma boa opção que está presente no mercado há tempos é a calagem.
Esse método serve para diminuir a acidez do solo através dos elementos químicos, como cálcio e magnésio, fornecendo mais produtividade e nutrientes às plantas que futuramente serão plantadas no local.
Com funções de corrigir e condicionar o solo, a calagem garante outras vantagens para os agricultores que trabalham principalmente em ambientes que apresentem superfícies de plantio restritivos.
Através da calagem, que é o processo aplicação de calcário no solo para combater a acidez e corrigir o pH do solo. O calcário também representa a base do trabalho no manejo da fertilidade do solo e na melhoria nas condições de desenvolvimento das culturas:
A calagem visa elevar o pH do solo a um nível adequado (5,5-6,5), neutralizar o Al3+ e fornecer Ca e Mg.
Assim, a NC deve, no mínimo, atender a demanda de Ca e Mg da cultura (X) e no máximo neutralizar a acidez potencial (H+Al) do solo.
Dessa forma, após calcular a NC de calagem pelos diferentes métodos, deve-se verificar a seguinte condição: X< NC < (H+Al). Caso a NC seja menor que o valor de X, deve-se ignorar e recomendar o valor de X estabelecido para a cultura. No entanto, a estimativa da NC por um método qualquer não deve ultrapassar o valor de (H+Al), no qual é determinado elevando o pH da amostra de solo em torno de 7,0, considerando que A aplicação de 1 t/ha de CaCO3 irá, em tese, neutralizar 1 cmolc dm-3 de acidez e elevar o teor de Ca trocável no solo em 1 cmolc dm3. Na prática, esses valores não devem ser atingidos pois a taxa de recuperação de Ca pelo extrator não será de 100% e a eficiência da calagem não deve ser plena. No entanto, para fins de verificação da NC essa dedução é válida e adequada.
Quando as pressuposições da NC não são plenamente atendidas, deve-se calcular a quantidade de calcário (QC), de modo a corrigir a dose a ser usada. A QC pode ser calculada usando a seguinte fórmula:
Onde:
Quando a quantidade de calcário recomendada é elevada (> 4 t/ha para solos argilosos ou >2 t/ha para solos arenosos), recomenda-se o parcelamento da dose em pelo menos duas aplicações, minimizando os riscos de uma supercalagem.
Incorporada, com aplicação seguida de operações de aração e gradagem;
Superficial, com aplicação sobre a superfície do solo sem revolvimento.
Como o calcário de maneira geral apresenta baixa solubilidade, a calagem incorporada tem sido uma opção muito utilizada por muitos agricultores.
No entanto, diversos trabalhos têm demonstrado a eficiência da calagem superficial, que possui a vantagem de não comprometer a estrutura do solo pelo distúrbio.
A calagem é feita através da aplicação de corretivos de acidez do solo. Eles podem ser classificados por:
O calcário calcítico: teor de MgCO3inferior a 10% e maior teor de cálcio
O calcário magnesiano: teor de MgCO3 entre 10 e 25%
Alem do calcário dolomítico: teor de MgCO3 acima de 25% e baixo teor de cálcio
E o calcário filler: calcário que apresenta granulometria fina (indicado para plantio direto já que nesse caso não é possível revolver o solo)
Produto obtido industrialmente pela calcinação ou queima completa do calcário. Seus constituintes são o óxido de cálcio (CaO) e o óxido de magnésio (MgO), e se apresenta como pó bem fino.
Produto obtido industrialmente pela hidratação da cal virgem. Seus constituintes são o hidróxido de cálcio [Ca(OH)2] e o hidróxido de magnésio [Mg(OH)2] e também se apresenta na forma de pó fino.
Se origina da calcinação total ou parcial do calcário, normalmente na forma de pó fino. Também podem ser calcíticos, magnesianos ou dolomíticos. Além disso, apresenta características intermediárias ao calcário e a cal virgem.
Subproduto da indústria do ferro e do aço. Seus constituintes são o silicato de cálcio (CaSiO3) e o silicato de magnésio (MgSiO3-).
Produto obtido pela moagem de margas (depósitos terrestres de carbonato de cálcio), corais e sambaquis (depósitos marinhos de carbonato de cálcio, também denominados de calcários marinhos). Sua ação neutralizante é semelhante à do carbonato de cálcio dos calcários.
Portanto, a aplicação do calcário no solo (calagem), além de corrigir a acidez do solo, também fornece os macronutrientes cálcio (CaO) e magnésio (MgO), neutraliza o efeito fitotóxico do alumínio e do manganês, aumenta a disponibilidade de elementos nutrientes para as plantas, e potencializa os efeitos dos fertilizantes.
Resultados destes efeitos, é um aumento substancial da capacidade produtiva do solo.
A composição do calcário agrícola pode variar de carga para carga, já que na natureza sua composição também não é homogênea.
Para obter um melhor aproveitamento e fazer a aplicação de cálcio e magnésio conforme a recomendação, sem riscos de aplicar subdoses ou superdoses, o método mais eficiente e barato é encaminhar amostras do produto a um laboratório e realizar a Análise de Corretivo de Acidez.
Assim o produtor poderá fazer uma aplicação correta, para obtenção de resultados positivos.